serapicos

Serapicos é o projeto musical do produtor/compositor Gabriel Serapicos. Em 2016, o grupo lançou “17 Canções em Português Para Ouvir Antes de Morrer”, álbum-duplo que explora temas como relacionamentos, morte, ficção científica e dinheiro, sempre sobre o prisma bem-humorado, ácido e melancólico do rock alternativo de vanguarda. Recentemente, divulgaram a nova canção “Sofá-Cama” e preparam novos sons para serem lançados ainda esse ano.

Batemos um papo com o Gabriel sobre o grupo, de onde vem suas inspirações e o que o futuro reserva para o Serapicos. Confira:

Gabriel, tudo bem? O Serapicos é um projeto musical seu, onde você é responsável pelas músicas, letras, produção, até a produção e roteiro dos vídeos, como em “Sofá-Cama”. Como tudo começou? Você sempre teve essa ideia de, digamos, gerenciar tudo?
Minha intenção quando comecei o Serapicos, era gravar minhas músicas e mostrá-las pro mundo. Era ingenuo, ainda não havia banda e não sabia nada do mercado musical. Meses antes de lançar, me dei conta que teria que montar uma banda para mostrar essas canções. O Pedro Serapicos acompanhou todo processo, no auge dos seus 16 anos. Mas não me via como um artista solo, porque minhas influências de adolescente sempre foram bandas de rock. Tinha preconceito que artista solo tinha uma vibe meio cafona, tipo Rod Stewart. Ainda bem, porque a formação atual do grupo foi surgindo aos poucos e, hoje, somos todos amigos.

No primeiro material lançado, as letras eram em inglês e então passaram a ser em português. O que te levou à essa mudança?
Decidi escrever em português a partir do momento que percebi que cantar na própria língua provoca muito mais o público, o que era, em parte, minha intenção. Foi uma transição meio repentina porque veio forçada por um edital que ganhamos do MIS, em que inscrevi as poucas canções em português que tinha. Depois desse show, não fazia mais sentido escrever em inglês.

“17 Canções Para Ouvir Antes de Morrer” é um álbum duplo que contém bem mais de 17 músicas. Comparado a muitos lançamentos recentes que focam em singles e EPs, isso chama a atenção. Como esse material tomou essa forma?
O título para o álbum veio antes das músicas terem sido escolhidas. O problema é que as canções mais antigas foram se juntando a outras que fui compondo durante o processo, não queria deixar nenhuma de fora, sabe como é. E já havia me apegado ao nome.

Nas músicas desse disco há diversos elementos de estilos bem distintos que somam ao rock, realmente cosmopolita tal qual uma metrópole que agrega de tudo. Quais são as suas influências? Há alguma que seja mais influente que as outras?
Eu acho que o que move minhas composições é a idéia da canção, letra e melodia acima de tudo. Adoro Leonard Cohen, Bob Dylan e The Magnetic Fields. Se a canção está sólida, acho válido, interessante e até necessário brincar com vários gêneros porque isso cria e enriquece a imagem da cidade, que é essa mistura maluca de culturas. Mas é difícil o Serapicos não soar como rock com influências de punk já que essa foi minha trilha sonora non-stop entre os 11 e os 16.

Na parte lírica, temos o bom humor mas também acidez e um quê de melancolia sobre diversos temas. De onde vem essas inspirações para lidar do amor à morte e por que dessa abordagem?
Gosto de brincar com a acidez do humor e minha cor favorita sempre foi o preto. Minhas influências como letrista vem muito dos filmes que vejo: David Lynch, irmãs Coen, Wes Anderson, Tarantino, etc. Alguns vão mais para o surreal, outros para a melancolia, ou até para a violência, e tento compor uma mistura desses vários estados de espírito.

A nova canção, “Sofá-Cama”, trata de relacionamentos, principalmente os abertos e as dúvidas e consequências deles. No vídeo lançado, o casal passa por diversas tentativas de soluções comuns, mas no fim encontram uma solução em algo inusitado: uma viagem no tempo. Como surgiu essa ideia?
O clipe surgiu, como quase todas as boas idéias, durante um banho quente de manhã. E acaba brincando com elementos que uso bastante mesmo em outras músicas: terapias fracassadas, gurus espirituais com motivações estranhas e viagem no tempo.

Aliás, o vídeo para “Sofá-Cama” foi divulgado no Dia dos Namorados e tem tudo a ver com o tema do dia. Isso foi intencional ou daquelas coincidências do destino?
Foi coincidência. Queria ter lançado essa música ano passado (risos).

Para finalizar, primeiramente gostaríamos de agradecer a sua atenção e, quais os próximos planos para o Serapicos? “Sofá-Cama” pertence a uma trilogia de canções a serem lançadas nesse ano. Você pode adiantar algo mais sobre as outras faixas?
Estou bastante ansioso para lançar as próximas duas faixas. A primeira vai ser a música mais pesada do Serapicos. Guitarras distorcidas e temática bem sombria, com a formação completa da banda: Victória Vaz na voz, Pedro no baixo, Matheus Souza na bateria e Caio Nazo nas guitarras. A segunda é uma valsa folk, violão e voz, com um falsete perigoso no refrão. Já estão gravadas. Agora vamos mixar para lançar no segundo semestre.