Adaptações da história de Drácula nos cinemas existem aos montes, com muitas caindo no esquecimento enquanto outras são lembradas até hoje por suas atuações clássicas e memoráveis como as de Christopher Lee, Gary Oldman e Bela Lugosi. E a esse panteão de atuações, a de Nicolas Cage acaba de se juntar.
Totalmente solto, sendo exagerado na medida certa e roubando a cena a cada momento em que aparece, na verdade o Drácula de Cage em Renfield – Dando Sangue Pelo Chefe não é o personagem principal da história e sim, dessa vez acompanhamos o mito pela companhia de seu fiel assistente, Renfield, interpretado também com maestria por Nicholas Hault que, ao chegar no século XXI percebe que vive uma relação tóxica e abusiva com seu ‘chefe’.
Essa mudança de foco acaba trazendo uma novidade a uma história que pode ser até considerada batida de tanto que já foi contada nas telas do cinema, televisão e outras obras. Vemos Renfield tentando se ajeitar no mundo moderno, caçando vítimas para alimentar seu mestre que foi obrigado a se mudar da Europa para a América do Norte e, cansado dessa vida acaba por se juntar a um grupo de apoio para pessoas em relacionamentos abusivos onde percebe então o quão tóxica é sua relação, para a partir dai, tentar iniciar uma nova vida.
Mas ao invés de mergulhar em um drama, o filme segue pela comédia com boas pitadas de horror e violência bem exagerada, afinal temos um Drácula que não vai hesitar em sair rasgando as pessoas e mesmo Renfield, quando necessário, tem essa habilidade graças ao vínculo com ele. Seus caminhos se cruzam com a família mafiosa local composta pela mãe Bellafrancesca (Shohreh Aghdashloo) e seu filho Teddy (Ben Schwartz) que estão em conflito com a policial Rebeca (Awkwafina), fato que vai render toda a violência do filme, que chega ao gore, mas focado em rir e não chocar de tão nonsense que são alguns momentos.
Apesar de toda a trama envolvendo Renfield e a máfia local, que é até bem amarrada e gera bons momentos com Awkwafina injetando humor na medida certa enquanto Hault muito carismático, carrega muito bem o papel da pessoa atormendada entre o abuso psicológico e a vontade de ser livre e que luta para isso ainda que esteja meio deslocada no mundo atual.
Mas quem rouba a cena é mesmo Cage. Ao criar sua versão do vampiro, ele abusa e exagera na medida certa nos trejeitos de Drácula, variando entre o terror e o ser manipulativo e carismático que explode em violência no segundo seguinte com perfeição, entrando para a lista das memoráveis interpretações do vampiro.
No fim, o filme diverte e cumpre o que se propõe em ser violento, divertido e levemente exagerado como aqueles clássicos da Sessão da Tarde que conhecemos por anos. Isso acontece graças ao roteiro que conta com Ryan Ridley, de ‘Rick & Morty’ sob a direção de Chris McKay (do divertido ‘Lego Batman: O Filme’). O trabalho de ambos entrega um bom resultado e um dos filmes mais divertidos do ano.
‘Renfield – Dando Sangue Pelo Chefe’ chega aos cinemas brasileiros nesta quinta (27). Confira o trailer: