Formado por Lisandro Carvalho, Gabriel Souza e Rodrigo Souza, o trio Rooftime nasceu em 2018 e desde então vem se destacando dentro da música eletrônica colecionando milhões de ouvintes mensalmente nas plataformas digitais além de collabs com grandes nomes do estilo como Alok e Vintage Culture.
Batemos um papo com o grupo sobre como essa história surgiu, o que os inspira e também sobre seus recentes lançamentos: o EP “Through Waves” com duas faixas que fazem parte do documentário musical “The Outlaw Ocean Music Project” e a websérie “Highs and Lows”, já disponível no Youtube. E também, alguns breves spoilers de seus projetos futuros.
Confira:
Music+Drops – Queria começar com como vocês começaram esse projeto, dois irmãos encontraram um amigo na faculdade…
Lisandro Carvalho – No começo eu tinha um projeto sozinho onde eu produzia minhas próprias músicas, mas não era algo que eu acreditava que poderia ter um futuro, que poderia crescer, enfim, ter um renome grande no mercado. Então resolvi seguir esse outro lado que seria a faculdade e foi onde eu encontrei o Rodrigo, justamente na van dessa faculdade. Acabei vendo um vídeo dele cantando e cara, de primeira pensei ‘acho que a gente precisa fazer alguma coisa junto, canta muito, acho muito f***’. A gente se encontrou e ele chegou em mim e falou ‘vamo fazer um som em casa e tal, leva o som, a gente tira alguma coisa’, quer falar um pouco ai?
Rodrigo Souza – Basicamente é isso, o Lisandro veio para a casa. Eu tenho o outro participante, o outro integrante o Gabriel, a gente mora junto…
Gabriel Souza – Participante… (risos)
Rodrigo Souza – Participante, convidado… (risos)
Gabriel Souza – Orra cara, além de irmão, participante… (risos)
Music+Drops – Vocês sacaram então que logo no começo que daria certo, bateu as ideias…
Rodrigo Souza – É, porque a gente chegou lá e gravou uns vocais. O Lisandro chegou no dia seguinte com uns sons construídos, legal né? Eu particularmente nunca tinha visto isso acontecer na minha frente. Quando a gente se reuniu pra fazer um som mesmo já saiu a nossa primeira música, a “I Will Find”, collab com o Vintage Culture, dali a gente falou “pow..” pode falar Lisandro..
Lisandro Carvalho – A gente não tinha nem nome de projeto, não tinha nada..
Music+Drops – O nome, como ele surgiu? De onde veio essa ideia para o projeto sem nome até então?
Lisandro Carvalho – Fala ai Gab..
Gabriel Souza – A gente lançou a “I Will Find’ no dia 28 de setembro se não me engano. E a gente veio com o nome.. a gente abriu o Instagram 3 ou 4 dias antes para colocar o nome…
Music+Drops – Registrou o Instagram praticamente na hora..
Gabriel Souza – É, a gente precisava do nome e o Rooftime veio justamente disso. Sempre nos reuniamos pra fazer música no último andar aqui de casa que é um lugar que tem acesso ao telhado, então costumávamos dizer que quando era a hora de fazer música, era a hora do telhado. Ficou Rooftime por causa disso. Mas assim, até chegar nesse nome foram várias canetadas no papel…
Lisandro Carvalho – Foi o dia inteiro..
Gabriel Souza – Eu lembro que foi o dia inteiro mas eu lembro que o Rooftime, o nome, já tinha saído antes. A gente só ficou ali namorando ele…
Music+Drops – E desde esse começo, como vocês trabalham a dinâmica de vocês? Alguém que chega primeiro com ideia, tem algum tipo de método ou vai do momento?
Lisandro Carvalho – É muito de musica por musica. Teve musicas que os meninos mandaram pra mim o violão e vocal e eu começo alguma coisa. Tem músicas que eu chego com alguma ideia pronta, a gente se reune e começa algo. Costumamos falar que cada musica é uma história. Independente de onde a gente começa, o meio e o caminho é sempre o mesmo, os três juntos na mesma ideia.
Music+Drops – E é nesse momento que vocês pensam em alguma participação ou às vezes já chega com alguma ideia para elas?
Gabriel Souza – As collabs né? É mais complicado porque assim, a gente sempre espera de uma colaboração que os dois lados da moeda entreguem uma parte da alma junto da música, uma parte de uma história que a pessoa viveu. Então vai muito da proposta que a gente tá recebendo e enxergando ali no momento, vai muito dessa evolução. Nunca chegamos e falamos ‘cara, teve uma proposta de fazer uma musica com tal pessoa por causa do nome ou do que ela representa’. Foi sempre pela musica em si, sempre foi por questão do que a musica tá passando, quer passar, que história ela conta. É assim que a gente se sente atraido para uma collab.
Music+Drops – Eu estava vendo a história de vocês e no começo teve os lançamentos, collab e então veio a pandemia que interrompeu tudo. Como isso atrapalhou planos de vocês?
Lisandro Carvalho – Eu acho que a pandemia foi um limiar, um marco pra nós. Todo mundo fala que atrapalhou, não sei o que, mas a gente sente que foi o inverso, a pandemia veio e sentimos que como a galera ficou em casa, as pessoas começaram a conhecer mais o Rooftime, procurando no Spotify, ouvindo muito mais nossas musicas. E tivemos tempo e cabeça para produzir o proximo album que tá ai pra vir, é um dos álbuns mais importantes da nossa carreira, não posso falar muito, só estou dando um spoiler mas por esse lado foi muito bom a pandemia.
Music+Drops – Por esse lado acabou ajudando bastante né? Normalmente tem a sequencia de lançar material, turnê de divulgação na sequência e isso foi interrompido mas acabou sendo vantajoso nesse caso…
Rodrigo Souza – Teve os shows..
Gabriel Souza – Sim, por essa parte de produção foi melhor mesmo, mas que nem acho que o Rodrigo ia comentar, por parte dos shows teve que parar.
Rodrigo Souza – Isso é uma coisa que todo mundo ficou sem, mas em questão de nos organizarmos, pensar em musica teve bastante tempo. Acho que a única coisa pra gente que parou mesmo foram os shows. A cabeça nunca para de pensar no projeto, na música.
Gabriel Souza – A grande loucura que aconteceu nessa pandemia foi justamente a parte que o Lisandro estava falando das pessoas terem mais tempo em casa para escutar música, ficarem conectadas e eu acho que as musicas do Rooftime começaram a fazer mais sentido para elas nesse momento. Ganhamos uma validade durante a pandemia que levou até uma musica nossa pra novela da Globo (“Don’t Let It Go” na novela “Um Lugar ao Sol”), o que é uma coisa que assim, sempre ansiamos e queremos chegar nos lugares que sonhamos mas não esperavamos tão cedo que uma musica nossa seria fundo de novela e já ia fazer um barulho desse. Ela chegou no Top 10 do Brasil, no Shazam no Top 1 e foi muita loucura isso. Foi plenamente orgânico, nada pensado, nada calculado. Mostrou pra nós que estávamos fazendo o certo quando decidimos focar em fazer música. Deu um incentivo para fazermos mais músicas. Claro que está acontecendo uma pandemia e está triste pra muitas pessoas, mas acho que o melhor que podemos fazer agora é focar em música e disso saiu esse álbum que não podemos falar muito, mas que nos deixa muito ansiosos.
Music+Drops – O album já tem alguma previsão de lançamento, podem falar?
Lisandro Carvalho – A previsão é pro segundo semestre.
Music+Drops – E esse ano vocês lançaram um EP com duas faixas que participaram de um documentario (“The Outlaw Ocean Music Project”)..
Lisandro Carvalho – Isso! Foi uma parceria com o Ian Urbina, que foi um reporter do The New York Times. Foi bem massa esse trabalho. Ele chegou através do email até nós apresentando o documentário que é sobre alguns crimes que rolavam na África envolvendo pirataria e nos interessamos basante pela historia do projeto e gostamos muito do resultado.
Music+Drops – Foi alguma coisa bem diferente né?
Lisandro Carvalho – Bem lado B.
Music+Drops – Como é ser chamado para um documentário? É uma abordagem diferente? Muda algo?
Gabriel Souza – Uma coisa que atraiu a gente desde o começo justamente foi a proposta do Ian de juntar artes para fazer o projeto maior..
Lisandro Carvalho – De entrar na história..
Gabriel Souza – Ele sempre foi um cara muito ambicioso, muito focado também. Se não me engano todo o material que ele reuniu no livro são de 5 ou 6 anos da vida dele no mar caçando contrabando, caçando pirata, filmando depoimentos de pessoas que estavam ali, capitães de navios piratas, enfim tem muita, muita história. E aquilo ali é, como se diz, um banquete pra gente que quer fazer música, que quer dar vida aquela história. Foi um casamento perfeito, uma loucura pra nós e diferente.
Music+Drops – Algo bem diferente mesmo e essas músicas sairam (em Abril) mas ao mesmo tampo vocês estavam produzindo a webserie “Highs And Lows”. Podem falar um pouco dela? Como surgiu?
Lisandro Carvalho – A ideia da “Highs and Lows” surgiu justamente nesse momento de pandemia que comentei, onde a gente olhou e teve uma visão mais de cima do Rooftime, sobre as pessoas e como todo mundo ouvia, como consumia. Percebemos que conheciam as músicas mas não conheciam a gente. Precisávamos pensar em alguma coisa que conseguisse ligar as musicas do Rooftime com nós três, os autores delas. Foi onde pensamos em fazer a “Highs and Lows”, onde cada episódio conta um pedaço da nossa historia, cada um com uma música que representa um momento da nossa trajetória. Pra gente está sendo muito especial, um dos projetos mais especiais que já fizemos.
Music+Drops – E o que tem achado das respostas que já receberam até o momento? inspira a fazer mais com músicas futuras?
Lisandro Carvalho – Ah, ai a gente vai falar demais aqui (risos) mas sem dúvida. Os feedbacks tem sido muito positivos. A galera está gostando bastante e nós também. Teve um resultado que não esperávamos, foi além e muito bom o resultado. Estamos muito felizes.
Music+Drops – Além da resposta positiva sobre a websérie, algo mais surpreendeu vocês depois dessa volta da pandemia?
Rodrigo Souza – Eu acho que depois da volta da pandemia, os nossos shows. Depois de passar esse tempo ouvindo nosso som, eu particularmente senti uma proximidade bem maior da galera nos shows, a quantidade de público que estava ali esperando pra ver, acho que criaram uma conexao maior com a gente.
Music+Drops – Se identificaram mais com as músicas nesse periodo…
Lisandro Carvalho – Uma parada insutada que percebi que tem acontecido bastante é que a galera tem pegado muito a estrada pra ver o Rooftime. Gente que vem e fala ‘velho, peguei o carro 6 horas pra ver o show de vocês e foi insano, muito obrigado’ e cara, está fazendo muito barulho, estamos mudando a vida das pessoas, isso é muito massa mesmo.
Music+Drops – Vocês percebem essa conexão com as pessoas através da música mas vocês tem também um lado estético em relação a roupas, palco, uma preocupação visual também. Podem falar um pouco disso?
Gabriel Souza – Isso é uma coisa que a gente sempre observou na arte na música. Não temos só a musica em si para comunicar o que queremos, contar nossa história. Temos muitas outras frentes e uma delas é o apelo estético e apelo do vestuário em si. Percebemos ali uma oportunidade de comunicar, de fazer mais um elo das nossas músicas, da nossa essência através do que estávamos vestindo. Sempre foi uma ideia desde o começo do Rooftime de ter essa exploração total do palco e do 360 no projeto. Como a gente pode aproveitar o máximo, oferecer uma performance máxima pra quem está nos ouvindo pra deixar auqela pessoa grudada ali como se ela tivesse assistindo um filme, um teatro, algo que vai realmente capturar a atenção dela. Então sempre identificamos o vestuário como um elemento que traria essa proximidade, essa conexão. Foi uma coisa que sempre buscamos e agora com o lançamento da websérie, tivemos uma oportunidade de desenvolver os então ‘uniformes de trabalho’ do Rooftime no palco. E cara, casou muito bem. Trabalhamos com uma paleta de cores que se identificava com o lugar onde gravamos, para lembrar esse tom musical, esse sentimento das músicas. E foi tudo muito bem pensado e com certeza vai ser uma coisa que sempre pudermos, vamos explorar esse apelo visual com roupa ou outro tipo de performance no palco.
Lisandro Carvalho – Tambem é algo que reforça nossa identidade né? Buscamos algo que marcasse o Rooftime.
Music+Drops – E o que vocês podem adiantar de futuros, sem dar muito spoilers, claro..
Lisandro Carvalho – Não podemos falar muito né? (risos) mas podemos adiantar que o álbum está sendo muito especial para nós. Estamos quebrando várias barreiras que normalmente a galera do mercado da música eletronica tem um pouco de receio de quebrar. Não estamos se limitando a estilo, velocidade ou bpm. É algo que a gente quer romper as barreiras e podemos esperar algumas parcerias meio inusitadas (risos).
Music+Drops – Que legal! Bom já está dando nosso tempo, gostaria de agradecer a atenção e com isso o pessoal pode conhecer mais de vocês, do seu trabalho até agora e já ficar na espera das novidades que virão por ai. E quando o novo álbum estiver lançado podemos bater um papo sobre ele.
Rodrigo Souza – Com certeza!
Lisandro Carvalho – Sem dúvida! Nós que agradecemos!